O dia corre célere na esteira do tempo, desaparece após vinte e quatro horas de existência, mas é sempre renovado por outro igual na duração, retirado de um estoque que parece infindável. Apesar de igual aos outros na sua duração, cada dia difere dos demais dias em todos os outros aspectos e oferece a cada ser humano a oportunidade de renovar-se e fazer algo novo.
A certeza de que cada dia nos dá sempre vinte e quatro horas de presente, traz para as pessoas a possibilidade de programar suas vidas. Todavia, em virtude da certeza desta renovação, alguns seres humanos costumam deixar para mais tarde o que pode ser feito agora, deixar para amanhã uma coisa que poderia fazer hoje, esquecidos de que inúmeros fatores podem impedi-los de executar esta atividade mais tarde ou amanhã, algumas vezes causando aborrecimentos e prejuízos. Existe a certeza da renovação do dia, mas não sabemos o que ocorrerá conosco mais tarde ou amanhã. E esta incerteza deveria fazer cada ser humano não deixar para logo mais ou amanhã, o que pode ser feito agora ou hoje, conforme nos ensina a sabedoria popular.
Olhar o dia com esta visão dicotômica de igual e renovado é uma das lições que a Vida ensina a todos. Por que razão não sou como o dia e me renovo a cada amanhecer, conservando apenas uma parte de mim inalterada? O único perigo que eu correria, caso a renovação seja grande, seria sentar com os parentes e eles perguntarem: quem é você? Ou eu acordar um dia e dizer ao ser que se renova dentro de mim: gostaria de conhecer você.
Marcos Antônio da Cunha Fernandes www.marcosfernandes.org João Pessoa, Setembro de 2013.