Ao ouvir a troca de farpas entre os Ministros Marco Aurélio de Mello e aquele outro que entrou agora no STF, o “novato”, duvidei dos meus ouvidos. Será mesmo que o “novato” disse que não precisa ouvir as cobranças da multidão? Que seu voto não poderia ser influenciado pelo clamor das ruas? O patrício senhor (no sentido de senador do Império Romano, nada menos) se acha tão acima da reles multidão que paga impostos e, consequentemente, seu salário?
“Parece irrelevante a opinião pública, e fico muito feliz quando uma decisão do tribunal constitucional coincide com a opinião pública, mas se o que considero certo não bate com a opinião pública, eu cumpro meu papel. A multidão quer o fim desse julgamento, e eu também. Mas nós não julgamos para a multidão, nós julgamos pessoas. […] Não estou aqui subordinado à multidão. Não tenho o monopólio da certeza, mas tenho o monopólio íntimo de fazer o que acho certo.”
Nem estou duvidando da erudição (ou eructação) do referido dito cujo senhor; seu longo voto (acredito que ele seja bem melhor escrevendo do que lendo o que escreve) é uma prova disso. Ou parece ser, não sou advogada, não tenho condições de emitir opinião a respeito.
Mas voltemos às “multidões”. O patrício Senhor das Leis esqueceu que as multidões fizeram a Revolução Francesa, implantaram o comunismo na Rússia, e bem recentemente mudaram – atabalhoadamente, é verdade, mas mudaram –, o que estava se tornando infalível transferência de poder a familiares de tiranos em alguns países árabes. Nem vou falar de outras ocasiões e outras revoltas, porque o espaço é curto e meus amigos não merecem isso.
Pois senhores “novatos” – os três, porque nem me digno falar daquele rapazinho do PT – tenham muito cuidado com o que falam sobre o zépovinho, ou as multidões, como queiram. Nós, os insignificantes pagadores de impostos, iremos nos lembrar disso no ano que vem, com resultados fulminantes para a camarilha que os indicou aos cargos no STF. Promessa é dívida!
Fortaleza, 13 de setembro de 2013.
