“Muitos indagam: Como devo eu fazer a entrega do próprio eu a Deus? Desejais entregar-vos a Ele, mas sois faltos de poder moral, escravos da dúvida e dirigidos pelos hábitos de vossa vida de pecado. Vossas promessas e resoluções são como palavras escritas na areia. Não podeis dominar os pensamentos, os impulsos, as afeições. O conhecimento de vossas promessas violadas e dos votos não cumpridos, enfraquece a confiança em vossa própria sinceridade, levando‐vos a julgar que Deus não vos pode aceitar; mas não precisais desesperar. O que deveis compreender é a verdadeira força da vontade. Esta é o poder que governa a natureza do homem, o poder da decisão ou de escolha. Tudo depende da reta ação da vontade. O poder da escolha deu‐o Deus ao homem; a ele compete exercê ‐lo. Não podeis mudar vosso coração, não podeis por vós mesmos consagrar a Deus as vossas afeições; mas podeis escolher servi‐Lo. Podeis dar‐Lhe a vossa vontade; Ele então operará em vós o querer e o efetuar, segundo a Sua vontade. Desse modo toda a vossa natureza será levada sob o domínio do Espírito de Cristo; vossas afeições centralizar‐ se‐ ão Ele; vossos pensamentos estarão em harmonia com Ele”
(Caminho a Cristo, p. 47).
Comentário: (Far‐nos‐ia muitíssimo bem ler o capítulo todo). O mundo evangélico em geral prega que o homem nada tem a fazer no processo da redenção além de aceitar a Jesus como Salvador, mas segundo o texto inspirado acima, há algo importantíssimo que cabe ao homem depois da conversão. Caso contrário, de que serviria o livre arbítrio na sequência da vida cristã?
Esse poder nos pertence– o poder da escolha. Deus o deu aos anjos, aos demais seres conscientes do universo, aos nossos pais no Éden e a todos os seres humanos. Na eternidade também teremos o livre arbítrio, há, porém, uma promessa que o pecado não ressurgirá – aleluia!
Devemos e podemos dar a Deus a nossa vontade. O que isso significa na prática? Vocês já pensaram? A cada escolha, por mais simples que seja, decidimos servir a Deus ou ao inimigo. Não vou focar casos complexos ou “grandes” pecados abomináveis, mas situações bem simples do cotidiano, que o rei Salomão chama de “as raposinhas que estragam a vinha”, e pensem em como decidimos nesses casos. Quando deixamos de seguir uma orientação ou conselho de Deus e seguimos a nossa própria opinião ou de outrem, damos a nossa vontade a quem? Quando deixamos de buscar conhecer qual a vontade de Deus para todos os detalhes da nossa vida, e nos contentamos com nosso precário conhecimento da Palavra de Deus, damos a nossa vontade a quem? Quando baseamos nossas decisões no que faz a maioria (mesmos os que se dizem cristãos) contrariamente a um “assim diz o Senhor”, damos a nossa vontade a quem?
Portanto, vigiemos e oremos para não cairmos em tentação.
Mauro Carnassale