Seis luas e meia. São quantas passarão pelo céu antes de vê-lo novamente. O peito dela já começa a apertar, prevendo o pior para as noites de lua cheia. Saudade crescendo com as marés, recordações batendo em ondas, fustigando os sentidos. Vem o medo da dor. Pensa em fugir de si mesma, em sair do corpo, evitar tudo aquilo. Deseja virar borboleta. Tão leve, só alma e cor!
Seis luas e meia. Ela sabe, não há borboleta sem o recolhimento do casulo, sem o milagre dramático da metamorfose. Voltar-se para dentro. Cada um no seu mundo. Não, não há saída. Inspira, buscando fôlego onde antes havia o cheiro dele. Prende a respiração e, antes de entrar no vazio, pede, sem saber a quem: que os dois se reconheçam à luz da sétima lua. Juntos, outra vez, então para voar.