Existem momentos na nossa vida em que conseguimos analisar com clareza os nossos atos e vemos como repetimos os mesmos erros em várias fases da nossa vida. Não conseguimos aprender com os erros cometidos no passado. Nos momentos em que analiso os meus relacionamentos com as mulheres, por exemplo, os mesmos erros aparecem em todos eles, eu me assemelho a um disco com defeito, repetindo sempre o mesmo trecho da música.
Quando falo com alguém ou escrevo algum trabalho novo, às vezes sinto a impressão de estar repetindo a mesma idéia, algumas vezes com uma roupagem nova, outras vezes com a mesma roupa velha e esfarrapada. Existem algumas idéias que sempre estão a pular do coração ou do cérebro para a boca ou para o papel. Devemos ter cuidado com elas, pois tanto pode ser nosso tema preferido, como pode representar uma das nossas dificuldades na vida. Mas é sempre uma repetição que pode se tornar cansativa para quem lê ou para quem nos escuta.
Ao escolher um filme para assistir, existem alguns que nós excluímos de cara, sem nem procurar saber se é bom ou não, por causas que desconhecemos. Certa vez eu não fui ver um filme por achar que iria perder tempo e o dinheiro do ingresso. Sai com uma pessoa e ela me convidou para assistir o filme que eu não quis ver. Aceitei o convite para desfrutar mais algum tempo de uma companhia muito agradável, achei o filme ótimo, depois fiquei a perguntar a mim mesmo quantas coisas na vida eu deixo de aproveitar em decorrência dos meus julgamentos equivocados.
Nada é mais chato do que escutar a mesma conversa várias vezes, contada pela mesma pessoa. Nas conversas com outras pessoas devemos examinar se estamos repetindo o que dissemos nos encontros anteriores e verificar se o que falamos é interessante para elas. Quando eu era jovem gostava de falar sobre o meu insignificante trabalho profissional, os problemas do meu setor de trabalho, um tema que as outras pessoas não tinham o menor interesse e deviam achar a conversa chata e cansativa. Eu imagino os comentários quando eu me encontrava com elas: lá vem aquele cara chato falar sobre os problemas dele no trabalho.
Algumas coisas são agradáveis e podem ser repetidas inúmeras vezes até o último suspiro do corpo físico ou da vontade de fazer. Apesar de repetidas elas são sempreagradáveis e sentimos a necessidade de fazê-las novamente. O amor é uma das coisas que tanto o corpo quanto a alma podem repetir sempre, ninguém fica enjoado. Por favor, não me diga que você é exatamente a exceção que justifica o ditado popular que diz: toda regra tem exceção!
João Pessoa, agosto de 2007.