Há poucos dias atrás escutei algumas pessoas conversando acerca da idade necessária para um ser humano atingir a maturidade e ser capaz de assumir determinadas responsabilidades. As opiniões eram divergentes no que se refere à quantidade de quilômetros que uma pessoa necessita rodar antes de estar capacitada para se casar. Deixei o ambiente onde o grupo discutia e fiquei pensando acerca do casamento. Apesar de já terem rodado muitos quilômetros nas estradas da vida e a hora da viagem final estar próxima, muitas pessoas são imaturas e sem condições de manter um casamento duradouro. Observo, no outro extremo desta escala, que seres humanos jovens mantêm casamentos sólidos, capazes de resistir às tempestades mais violentas. Cito estes dois casos apenas para dizer que a capacidade de um casal manter relacionamento sólido não é diretamente proporcional à idade dos seres humanos envolvidos na relação, depende de muitos fatores. Um destes fatores merece um destaque especial: a maturidade psicológica do casal.
Não nego o fato de que uma pessoa necessita vivenciar muitas coisas antes de adquirir experiência em determinados assuntos. Por mais maturidade que uma pessoa tenha para a sua idade, somente o passar dos anos lhe dará a capacidade de saber agir com sabedoria. Quero apenas salientar uma pequena coisa: o fato de um ser humano ter vivido muitos anos não significa, somente por este fato, ser ele uma pessoa madura do ponto de vista psicológico. Já abordamos muitas vezes este tema em nossas crônicas, não desejo ser mais repetitivo do que costumo ser.
Existe uma grande armadilha colocada no caminho das pessoas da terceira idade, é necessário ter muito cuidado para não cair nela. O mundo passa por processos de mudanças aceleradas, a experiência de ontem pode não ter validade hoje. Por já termos percorrido muitos quilômetros de estrada e enfrentado muitas situações difíceis, nós achamos que temos as condições necessárias e suficientes para ensinar as outras pessoas como as coisas devem ser feitas. Muitas vezes olhamos uma situação e, por ela se assemelhar a algumas das situações já vividas por nós, julgamos saber as respostas, sem perceber as mudanças ocorridas, não temos consciência de que é uma situação diferente a exigir uma solução diferente. Emitimos apressadamente o nosso parecer sobre o assunto, muitas vezes sem ninguém ter perguntado qual a nossa opinião. Em virtude do fato de termos examinado a questão superficialmente, a nossa opinião muitas vezes está totalmente equivocada. Diz um ditado popular: “prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.
Fortaleza, 25 de março de 2009.