O dia amanhece de maneira preguiçosa, nublado e sem calor, uma parte da cidade parece não querer despertar. Há muito tempo que os pássaros anunciam o surgimento de um novo dia, mas as pessoas estão aproveitando a temperatura amena para ficar mais um pouco na cama, não aparecem para as suas atividades habituais. A barreira de nuvens está baixa, dois quilômetro acima da linha do horizonte, dentro de poucos minutos o Sol estará acima delas e aquecerá o dia.
Alguns “frios” o Sol não dissipa, são frios interiores criados pelas nossas atitudes diante de certos acontecimentos ocorridos nas nossas vidas. Algumas vezes não sabemos enfrentar as perdas de quaisquer espécies e deixamos que a tristeza invada a nossa alma. E as perdas são lições preciosas que a Vida nos propicia. Quando fiquei privado de parte dos movimentos do lado direito do meu corpo foi uma perda, mas as mudanças ocorridas na minha alma, frutos desta perda de movimentos, compensaram os problemas físicos. Você pode achar estranho, mas eu agradeço a Deus ter tido o problema do coração que mudou a minha vida.
Alguns amigos estão enfrentando problemas de saúde e a amargura cobre os seus semblantes, reflexos das dores existentes nas almas. Conheço de perto a riqueza imensa de suas almas, eles ainda têm muito para dar à Vida, mas adotaram a atitude de pobres coitados, vivem a chorar a perda da saúde física, não enxergam as oportunidades oferecidas para mudarem suas maneiras de ser. Durante nossa vida profissional freqüentamos tantos cursos em que nos ensinaram o seguinte: por trás de cada ameaça existem oportunidades a serem aproveitadas. Mas eles esqueceram as lições aprendidas, estes meus amigos vivem como velhinhas choronas a se lamentarem das doenças sofridas, oportunidades recebidas da Vida para crescerem como seres humanos.
Observo que nestes momentos de dor as mulheres são bem mais fortes que os homens. Elas superam rapidamente o impacto provocado pelas doenças e dão novos rumos ao curso de suas atividades. O sexo masculino é muito fraco diante das dores de quaisquer espécies. Eu fico a imaginar o que aconteceria com a humanidade caso Deus tivesse colocado no corpo masculino a responsabilidade da reprodução da espécie. Certamente eu não estaria aqui escrevendo tanta besteira.
João Pessoa, 13 de novembro de 2007.